Patagon M&A - LatAm Industrials - Mexichem diversifica negócios no país para driblar crise econô

Para driblar a crise econômica no país, a Mexichem, grupo mexicano que atua nas áreas química e petroquímica, vai manter o ritmo agressivo de lançamentos são cerca de 400 por ano , com a ampliação do portfólio da marca Amanco, de tubos e conexões de PVC, e a entrada em um novo negócio, de flúor para gases refrigerantes, usado no ar condicionado automotivo, que não conta com produtor local. Em 2015, iniciativas na mesma linha garantiram ao grupo faturamento nominal praticamente estável no país, a despeito da forte queda nas vendas de materiais de construção. "Havia previsão de crescimento de 2%, feita antes da metade do ano. Mas o cenário se deteriorou e conseguimos reduzir o impacto negativo", disse ao Valor o presidente da Mexichem Brasil, Mauricio Harger.
Globalmente, as vendas líquidas do grupo subiram 3%, para US$ 5,7 bilhões, e os Estados Unidos garantiram o posto de principal operação da Mexichem. Até 2014, essa posição era ocupada pelo país, mas a desvalorização de quase 50% do real frente ao dólar derrubou as receitas da subsidiária brasileira expressas na moeda americana.
A estratégia de acelerar a oferta de novos produtos no Brasil, de acordo com o executivo, foi traçada inicialmente como meio de garantir o crescimento dos negócios. Desde 2014, o plano conta com orçamento de US$ 100 milhões, a serem aplicados em três anos. "Fizemos expansão de linhas de produtos, entramos em novos mercados e, ao fim, essa estratégia serviu como medida anticíclica", afirmou.
Hoje, a Amanco responde por 80% dos negócios da Mexichem no país e a marca disputa a liderança do mercado de tubos e conexões de PVC com a Tigre o grupo também é dono da Plastubos, sua segunda marca no mercado de tubos e conexões. Segundo estimativa própria, a Amanco encerrou o ano passado com 34% de participação, atrás da concorrente. Em 2006, essa fatia era bem menor, de 16%. "O Brasil mudou de patamar em consumo de materiais de construção e o mercado é consistente", disse Harger.
Para este ano, o Mexichem planeja lançar novas linhas da Amanco, voltadas à indústria química, farmacêutica e de mineração (Amanco Corzan HP), obras residenciais e comerciais (Amanco Super CPVC) e de combate a incêndio (Amanco Fire BlazeMaster). As três linhas foram desenvolvidas em parceria com a americana Lubrizol, que atua na área química.
Em outra frente, o grupo mexicano entrará no mercado brasileiro de flúor para gases refrigerantes, que é usado em equipamentos de ar condicionado para a indústria automobilística. A Mexichem é dona da maior mina única de fluorita do mundo, que fica em San Luis Potosí, a cerca de 400 quilômetros da Cidade do México.
A fluorita, negócio que deu origem ao grupo, é usada na fabricação de diferentes produtos, entre os quais aço, cimento, vidro e cerâmica, e nela está presente o gás flúor. No país, a General Motors (GM) já se tornou cliente do gás refrigerante da Mexichem. Globalmente, outros dois concorrentes nesse segmento são DuPont e Honeywell.
Segundo Harger, a Mexichem também pretende trazer ao país composto de fluorita destinado à indústria de cimento, que reduz o consumo de energia no forno de clínquer. "Temos projetospiloto na indústria cimenteira", comentou. O negócio de flúor, explicou o executivo, é atraente sobretudo pelas margens elevadas. Com a manutenção do ritmo de lançamentos, a previsão é que a fatia dos novos produtos no faturamento da Mexichem no Brasil passe de 4% há três anos para 15% em 2016.
Sobre acelerar o crescimento a partir de eventuais aquisições, o executivo afirma que a decisão é tomada no México. "Permanece a estratégia de crescer por aquisição. Nada será descartado, mas a estratégia é global", disse o executivo, lembrando que o Brasil compete com outros países que também podem oferecer boas oportunidades de negócios.
A Mexichem ingressou em 2007 no mercado brasileiro de tubos e conexões, o maior da América Latina, com a compra da Amanco. No mesmo ano, fechou a aquisição da Plastubos e, no ano seguinte, comprou a Bidim, de mantas de proteção feitas de não tecido (geotêxtil), usadas na construção civil, entre outros setores.
Em 2013, a Mexichem apresentou oferta pela participação de cerca de 71% da belga Solvay na Solvay Indupa, que tem fábricas de resina de PVC no Brasil e na Argentina. Com a aquisição, a mexicana garantiria a verticalização de suas operações no país hoje, ela importa PVC de fábrica própria na Colômbia e tem unidades fabris no Brasil desde Santa Catarina até Pernambuco. A Braskem, porém, apresentou a melhor proposta pelos ativos, em uma operação que acabou reprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em novembro de 2014. A Solvay segue interessada em vender o negócio de PVC.